Keylong Out 2013

Nicholas Roerich: os 80 anos do Pacto Roerich (1935-2015) – português

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Nicholas Roerich nasceu em 9 de outubro 1874 em São Petersburgo, Rússia, e tornou-se uma das grandes personalidades internacionais da Cultura nos anos 20 e 30. Pintor, advogado, educador, arqueólogo, explorador, escritor e pacifista, N. Roerich desencadeou uma campanha mundial de promoção e proteção da cultura dos povos como estratégia para construção da Paz.

Vamos lançar as bases das novas tradições da Cultura, quando o conhecimento será transmitido não apenas para obter informações, mas também para enobrecer o coração, para o esclarecimento e unificação do espírito humano” (Roerich, 1930).

Para N. Roerich, a cultura é muito mais do que afirmação de um conhecimento intelectual adquirido. Ele defendia arduamente a idéia de uma Cultura da Luz, de uma Cultura da ação criativa, engajada e transformadora da realidade. A Cultura como aquilo que se CUL-tiva de melhor, de genial, de humano, formando, assim, um legado para as futuras gerações. Para falar na linguagem da Agni Yoga: essa é a Cultura do Fogo Ardente.

“De longe, vem o chamado que vigorosamente ressoa a resplandecente palavra: ‘Cultura’ ”. (Roerich, 1931). “Verdadeiramente jubilosa é a consciência que une em nome da cultura no labor, para além do aprisionamento das abstrações e,com seu chamado, evoca e inspira o trabalho construtivo.” (Roerich, 1930)

Na sua trajetória de vida, N. Roerich mostra aplicabilidade de seu pensamento através do trabalho processual e constante, culminando com a assinatura do PACTO ROERICH para a proteção dos tesouros culturais da humanidade, o qual completa 80 anos no dia 15 de abril de 2015.

 

Como foi criado o Pacto Roerich…

N. Roerich desempenhou um papel importante no “renascimento” da arte na Rússia, na Era de Prata da cultura russa, no final da década de 1890. Esse movimento contou com contribuições de ilustres cientistas e filósofos, proeminentes personalidades do cenário cultural e artistas russos.

Em São Petersburgo, a vanguarda cultural estava se formando em grupos e alianças liderados pelo jovem Sergei Diaghilev, colega de Roerich da faculdade de direito. Juntamente com Diaghilev, Roerich criou a revista “O Mundo da Arte”, a qual apresentou aos seus leitores os elementos vitais dos círculos artísticos russos e europeus do pós-impressionismo e do movimento modernista. Graças a esse movimento cultural, o resto do mundo teve acesso a arte e musica russa, tais como, o balé “Sagração da Primavera” com partitura de Igor Stravinsky, coreografia de Nijinsky, cenografia e figurino de Nicholas Roerich.

Em 1901, N. Roerich foi promovido diretor da Sociedade para Encorajamento das Artes, a qual tinha 63 professores e 2.000 estudantes, uma das maiores academias de artes da Rússia na época. Simultaneamente, NR também estabeleceu as bases para sua carreira como arqueólogo e tornou-se membro da Sociedade para a Proteção e Preservação dos Monumentos de Arte e Antiguidade da Rússia.

Em meio à essa efervescência cultural, N. Roerich concebeu em 1904 a idéia da proteção das conquistas artísticas e científicas da humanidade, a qual ele propôs primeiramente à Sociedade de Arquitetura da Rússia. No entanto, só em 1914, a idéia foi apresentada ao então Governo Imperial Russo. Infelizmente, com o mundo guerra (I Guerra Mundial), a proposta não obteve suporte necessário.

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De fato, o trabalho de N. Roerich como ativista da Paz só ganhou impulso nos EUA. Em 1929, N. Roerich desencadeou a criação de Comitês da Bandeira da Paz e do Pacto Roerich. O primeiro deles foi em Nova York, e logo a idéia ganhou repercussão internacional e Comitês foram formados em varias cidades no mundo, tais como em Paris, Bruxelas e em Harbin (Manchúria). Através da criação desses Comitês, N. Roerich inspirou ações para a proteção do gênio humano e a cooperação internacional através da Cultura. Como reconhecimento de seu trabalho, o pintor russo foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 1929 (New York, 1947).

Já na década de 30, Nicholas Roerich agregou artistas, cientistas, pacifistas, juristas e governantes do mundo inteiro em quatro conferências internacionais (Bruxelas, 1931 e 1932; Washington, 1933 e Montevideu, 1933). A primeira delas reuniu 400 representantes, inclusive do Vaticano e com carta de saudação do Papa ao evento. Tais conferências criaram o suporte político internacional necessário para a Assinatura do Pacto Roerich pelos 21 países da União Panamericana em 15 de abril de 1935, na Casa Branca, com a presença do então presidente americano Franklin Roosevelt (New York, 1947).

Como um Tratado de União Cultural, o Pacto Roerich sugere a Bandeira da Paz (ver a ilustração da Madonna Oriflamma) como símbolo a flamular nos locais de significação cultural dos povos de diversos países, sinalizando para a humanidade que ali trata-se de um local a ser preservado para as próximas gerações em tempos de guerra e de paz.

"Madonna Oriflamma" Nicholas Roerich, 1932

“Madonna Oriflamma”
Nicholas Roerich, 1932

Quase 20 anos depois da sua Assinatura, com a destruição de muitos patrimônios históricos durante a II Guerra Mundial, o Pacto Roerich foi adotado pela UNESCO na Convenção de Haia para Proteção da Propriedade Cultural em caso de conflito armado em 14 de Maio de 1954. O Pacto Roerich foi usado como documento norteador para essa Convenção, a qual entrou em vigor internacionalmente no dia 7 de Agosto de 1956.

Nicholas Roerich inspirou, em vida, o surgimento de inúmeros grupos artísticos e culturais no mundo inteiro e pintou mais de 7.000 quadros, os quais estão expostos em renomados museus de Paris, Londres, Moscou, São Petersburgo e Riga. Ele concebeu a construção do Museu Roerich de Nova York (com 29 andares), o qual exibiu suas obras e os artefatos arqueológicos coletados nas suas expedições à Ásia Central. O Museu Roerich de Nova York também abrigou o Centro Internacional de Arte Corona Mundi, o Instituto Master de Artes Unidas, a Escola de Artes e uma Biblioteca de Literatura Tibetana (Drayer, 2005).

Nicholas Roerich faleceu em 13 de dezembro de 1947 em Naggar, no Himalaia Indiano, onde viveu os seus últimos 20 anos, deixando para o mundo um valioso e inspirador legado artístico, cultural, espiritual e político.

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Fotos do arquivo do Museu Roerich de Nova York: http://www.roerich.org.

Referências:

BARENBOIM, Peter; SIDIGI, Naeem. Bruges, the Bridge between Civilizations: 75 Anniversary of Roerich Pact. The Friends of Bruges Society, the Nicholas Roerich Museum in New York, EUA, The State Museum of Oriental Art, Moscow, The Moscow Florentine Society. Letny Sad, Grid Belgium, 2010.

DRAYER, Ruth. A. Nicholas & Helena Roerich – The spiritual journey of two great artists and peacemakers. Quest Books, Theosophical Publish House, EUA, 2005.

NEW YORK, EUA. The Roerich Pact and the Banner of Peace. The Roerich Pact and Banner of Peace Committee, New York, NY, EUA, 1947.

ROERICH, Nicholas. Beautiful Unity. 1946. In: ADAMKOVA, Alena. Nicholas Roerich in Indian Journals. International Roerich Memorial Trust, Naggar, India, 2002.

ROERICH, Nicholas. Call for Culture: to the Society of Friends of Culture. 1930. In: Roerich, Nicholas. Realm of Light, International Roerich Memorial Trust, Naggar, India, 2009.

ROERICH, Nicholas. The Realm of Culture: Declaration to the Committee of the French Roerich Society and the Russian Section. 1931. In: Roerich, Nicholas. Realm of Light, International Roerich Memorial Trust, Naggar, India, 2009.

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